sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A vitória do rigor

A Operação Carnaval, que durou seis dias, desde sexta-feira da semana passada até a Quarta-feira de Cinzas, foi um marco em nossa história recente no que se refere a trânsito urbano e de rodovias. A ação realizada pela Polícia Rodoviária Federal teve a felicidade de registrar a redução de 10% no índice de acidentes e 17% na quantidade de feridos durante o chamado período de “Folia de Momo”. A comparação é com o ano passado, quando durante o Carnaval a entidade registrou a ocorrência de 51 acidentes contra 46 deste ano. Os feridos em 2012 foram 41, e esse número caiu para 34 em 2013. Segundo o relatório produzido pela Polícia Rodoviária, 90% dos acidentes nas rodovias aconteceram em trechos de retas e 74% deles durante a luz do dia. Isso, de acordo com o conhecimento daqueles profissionais, e com a experiência que acumularam ao longo dos anos, como instituição, seria resultado de imprudência, excesso de confiança e falta de atenção.

Este resultado mostra que ainda temos um longo caminho pela frente para educar e reeducar os condutores de veículos de nosso Estado, assim como de todo o Brasil. Mas há um motivo para toda a nossa sociedade comemorar (e não apenas os agentes da PRF): a Operação Carnaval não registrou nenhuma morte em nossas estradas durante o seu período de execução.

Em um país que registra altíssimos índices de mortandade no trânsito (já registramos cerca de 60 mil mortes por ano em nossas estradas, ruas e avenidas; isso perfaz uma média de cerca de 164 mortes por dia!), a ausência de óbitos no Carnaval em acidentes de trânsito é uma grande vitória. E acredito - de verdade - que o endurecimento da Lei Seca tem muito a ver com este resultado. Por mais que algumas pessoas estejam reclamando do radicalismo do governo, é preciso admitir que estava mais do que na hora de se fazer algo realmente forte, firme, para evitar essa matança que ocorre anualmente em nossas ruas. 

Para se ter uma ideia, podemos comparar a recente catástrofe que abalou todo o Brasil, ocorrida em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quando mais de 200 pessoas morreram em um incêndio em uma boate. Foram cerca de 250 pessoas mortas ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Mas e quanto as 164 que morrem diariamente em nossas ruas? Em dois dias podemos contabilizar 328 mortes; em uma semana, mais de 1,1 mil; em um mês, mais de 4,5 mil... O fato dessas pessoas não estarem morrendo no mesmo local, ao mesmo tempo, reduz a importância, a gravidade e o absurdo dessas mortes? 

A dificuldade em achar um único culpado para essas 60 mil mortes anuais não deve ser considerado um motivo para que tratemos o caso com menos rigor. Isso porque, a rigor da realidade, esses números exagerados, escandalosos, de mortes em nosso trânsito é culpa não apenas de um ou outro cidadão, mas sim de toda uma sociedade que rejeita o rigor e coloca as vidas de maridos, esposas, pais, filhos e filhas, à mercê do hábito de acreditar que “sempre é possível dar um jeitinho, que um golinho ou uma latinha a mais não faz mal ou que aquela ultrapassagem forçada não é tão difícil assim de fazer”.

Temos que aceitar que, para o bem de nossa sociedade, o rigor faz bem. Precisamos levar, agora, o rigor da atual Lei Seca para outros setores de nossa vida coletiva. Teremos mais e melhores resultados com isso, com certeza. Um bom final semana para todos.

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