Os preços globais dos alimentos em junho avançaram para perto das máximas recordes, principalmente devido a forte apreciação do açúcar que ofuscou a queda nos valores do complexo de grãos no período, informou nesta quinta-feira (7) a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
O índice mensal de preço dos alimentos medido pela FAO, que monitora uma cesta de commodities, subiu 1% em junho, para 234 pontos, alta de 39% frente igual período de 2010 e pouco abaixo do recorde de 238 pontos atingido em fevereiro. O principal fator por trás disso foi o açúcar, que subiu 14% na comparação mensal, para 359 pontos. As cotações do produto se distanciaram das mínimas observadas em maio com preocupações de que o envelhecimento dos canaviais e um clima adverso no Brasil podem reduzir a produção abaixo do nível do ano passado.
Nesta semana, a trading britânica Czarnikow baixou a projeção da safra brasileira para 535 milhões de toneladas, queda de 40 milhões de toneladas frente a previsão inicial, juntando-se a um grupo de outros analistas que diminuiu as expectativas para colheita deste ano.
Os preços dos cereais, contudo, recuaram ligeiramente em junho, à medida que um clima melhor aliviou temores sobre o tamanho da produção na Europa e nos Estados Unidos e a Rússia retomou os embarques após uma proibição que durou vários meses. O índice de cereais da FAO tocou 259 pontos, queda de 1% ante maio, mas ainda 71% acima do patamar registrado em junho de 2010
Os grãos desabaram no fim do mês passado, depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou números surpreendentes da área plantada e dos estoques trimestrais do país, ampliando a estimativa da oferta doméstica de milho.
Abdolreza Abbassian, secretário do Grupo Intergovernamental de Grãos da FAO, disse que o recuo das cotações pode persistir nos próximos meses. "Não me surpreenderia ver os preços caírem em julho, considerando as tendências das últimas semanas", de acordo com ele. "Os números que temos agora para os cereais estão muito perto da nossa projeção anterior" em maio.
A organização elevou em 11 milhões de toneladas a estimativa da produção mundial de cereais em 2011/12, para 2,313 bilhões de toneladas, volume 3,3% maior que em 2010/11. Os estoques finais globais devem superar em 6 milhões de toneladas a quantia apurada no início da temporada 2011/12. Os preços do açúcar também devem cair nos próximos meses. Ainda se prevê um grande superávit de oferta neste ano, mesmo que haja uma redução da safra brasileira, e a chegada da colheita no Hemisfério Norte.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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