Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta que o crack já não é mais uma exclusividade das grandes cidades. A droga está presente em 98% das cidades brasileiras e além de destruir famílias e causar violência, é responsável por 64% dos problemas enfrentados pelos municípios nas áreas da saúde e da segurança pública. O impacto sobre as áreas da educação e da assistência social é de 48%. Dos 4.430 municípios pesquisados pela CMN, apenas 548 possuem Conselho Municipal Antidrogas e apenas 268 possuem Centro de Apoio de Atenção Psicosocial (CAPS).
A deficiência na estrutura de combate às drogas e de apoio ao usuário ou dependente químico ocorre porque até hoje a União, os Estados e os municípios jogam a competência sobre o problema um para o outro. No Senado, já cobramos por diversas vezes uma participação mais efetiva do governo federal no combate às drogas, no tratamento dos usuários e na formulação de uma política nacional de enfrentamento ao crack.
Já subi no Plenário do Senado Federal para pedir que o Ministério da Saúde crie condições de oferecer tratamento COMPULSÓRIO para os dependentes químicos. Para pedir que o governo federal ampliasse o número de Centros de Atendimento Psicossocial, os CAPS, pelo Brasil, em cidades pequenas, com menos de 50 mil habitantes. Também já solicitamos que o programa de segurança na fronteira fosse implementado, ampliado e melhorado, para podermos impedir a entrada de armas e de drogas no nosso País.
O Brasil assistiu estarrecido neste domingo não apenas a morte de um jornalista que foi baleado durante o cumprimento de seu dever, mas também ficamos todos chocados ao nos confrontarmos com uma realidade de guerra ocorrendo dentro de nosso território. Vimos ruas ocupadas por narcotraficantes, policiais e jornalistas encurralados no meio do fogo cruzado, impossibilitados de caminhar sem o risco de morte a sua espreita.
Tudo isso, porque o narcotráfico se espalhou como uma praga em todo o País.
Ouso dizer que essa e muitas outras pessoas morreram porque tem gente que consome drogas e coloca, com seu dinheiro, armas nas mãos dos narcotraficantes. Esse armamento não existe apenas para enfrentar policiais, mas também para as guerras entre quadrilhas, as conquistas de boca de fumo e também para achacar e intimidar os próprios consumidores. Sem falar na população civil que se vê encurralada no meio dos incontáveis tiroteios e chacinas que vêm sendo promovidas por todo o País pelo narcotráfico.
No mesmo dia em que o cinegrafista Gelson Domingos foi morto com um tiro de fuzil no peito, estudantes ocupavam a USP pedindo a retirada do policiamento do campus e liberdade para fumarem maconha nas suas instalações. Este é o paradoxo de nossa sociedade, para não dizer hipocrisia. O combate ao tráfico, ao consumo e o tratamento dos usuários de drogas é um problema complexo e que requer uma atenção de toda a sociedade.
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