Senhoras e senhores senadores,
A compreensão sobre o meio ambiente e a agricultura na Amazônia Legal tem gerado as mais diversas abordagens e mesmo a formulação de falsas verdades que só prejudicam o desenvolvimento econômico e sustentável da região. Para derrubarmos alguns desses mitos, como o de que o solo e o clima da região não são apropriados para a agricultura moderna, e o de que determinadas culturas não podem ser introduzidas na Amazônia, sob a perda da biodiversidade da floresta, entre outros argumentos, é que estamos promovendo esta audiência pública com especialistas, produtores e representantes do governo.
Como morador e conhecedor da região e representante de parte da população amazônica neste Parlamento, sinto-me a vontade para mediar este debate, apresentar meu ponto de vista, os anseios dos amazônidas e apontar alguns caminhos para o desenvolvimento da região, respeitando o tripé da sustentabilidade, qual seja, o crescimento econômico com inclusão social e proteção ambiental.
O primeiro aspecto para o qual chamo a atenção de nossos debatedores, dos colegas senadores e do público que nos acompanha aqui nesta Comissão ou por meio das mídias do Senado (rádio, TV ou internet), é para as diferenças da Amazônia, região onde vivem 25 milhões de brasileiros e que abriga os maiores rios e a maior área de floresta tropical preservada do Planeta, masque não é uma massa homogênea, ao ponto de podermos falar que existem várias 'Amazônias'. Trata-se de uma região heterogênia, contraditória, desigual. As diferenças são geológicas, ecológicas, culturais, históricas, sociopolíticas e econômicas.
A 'Amazônia' do meu Estado de Rondônia, que é resultado do maior esforço da Nação brasileira em promover a reforma agrária, numa epopeia de colonização iniciada na década de 70 do século passado e que ainda encontra-se em curso, é muito diferente da Amazônia de nosso vizinho Estado do Amazonas, que teve sua ocupação limitada ao polo industrial de Manaus e tem mais de 90% de sua área territorial com florestas preservadas. E, estes dois Estados são completamente diferentes do Pará, Estado do senador Flexa Ribeiro, autor do Projeto de Lei do Senado nº 626/2011 que, se aprovado, permitirá a produção de cana-de-açúcar nas áreas de cerrado e nos campos gerais da Amazônia Legal.
Sobre a agricultura na Amazônia, ouso dizer que ela tem tudo para ser uma grande potência, mas sustentada em um zoneamento agroecológico que leve em conta as suas diferenças, a sua diversidade.
A diversidade, por sinal, é também a palavra chave para a agricultura de Rondônia, que tem se destacado nos últimos anos pelo avanço da pecuária, sendo que o Estado abriga o sétimo maior rebanho bovino do País, com mais de 14 milhões de cabeças, e é o quarto maior exportador de carne bovina do Brasil.
Podemos manter e até avançar nessa conquista, mas precisamos, sobretudo, diversificar nossa agricultura, resgatando as culturas do cacau, do café, das culturas típicas da Amazônia, como o cupuaçu, além da piscicultura e do manejo florestal. Essa diversificação, juntamente com o aperfeiçoamento dos sistemas agroflorestais e a agricultura de baixo carbono são os caminhos para o desenvolvimento sustentável de Rondônia e da Amazônia.
Neste sentido, creio que a produção de cana-de-açúcar nas áreas de cerrado e nos campos gerais da Amazônia pode ser mais uma alternativa de renda para os nossos agricultores, diversificando nossa produção agrícola e contribuindo também para o incremento da produção de biocombustíveis, como o etanol.
Cabe aqui destacar que só será permitido o plantio de cana-de-açúcar nas áreas alteradas do cerrado e nos campos gerais da Amazônia Legal, bem como respeitando o novo Código Florestal.
* Texto de abertura da audiência pública da CRA sobre o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia Legal
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