O dito popular de que o Brasil é um país de vocação agrícola pode até parecer ultrapassado quando vemos a nossa economia atingir um elevado patamar de industrialização de produtos manufaturados e de alta tecnologia. Mas a verdade é que o Brasil rural é muito maior do que se imagina. Basta dizer que a agricultura representa um terço do PIB brasileiro, levando-se em conta a agricultura familiar e toda a cadeia econômica envolvida, desde a indústria produtora, de beneficiamento e de transporte.
Só para termos uma idéia do tamanho da agricultura brasileira, em 2010, a Organização Mundial do Comércio (OMC) apontou o país como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e da União Europeia. Podemos dimensionar essa grandeza também pela estimativa do Ministério da Agricultura para a safra nacional de grãos do ciclo 2010/2011, que chegará a 153 milhões de toneladas, um aumento de 2,6% em relação à safra passada.
A despeito das barreiras tarifárias e não-tarifárias mantidas nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), as exportações brasileiras têm conseguido manter um nível de competitividade invejável, a exemplo do suco de laranja, da carne bovina e de frango, e dos grãos, como a soja, o café, o arroz e o milho. Não é por menos que o governo brasileiro vem anunciando, ano após ano, novas safras recordes de grãos no Brasil.
Os números e os bons resultados da agricultura brasileira são, portanto, resultado de muito trabalho, do suor de agricultores que lutam de Sol a Sol para colocar comida na mesa de pessoas do mundo inteiro. O meio rural brasileiro é cheio de peculiaridades regionais e sócio-ambientais que carregam influências do processo histórico de ocupação e desenvolvimento do país. Por isso, a produção de arroz irrigado no Sul do país exige uma atenção, uma compreensão e uma política pública muito distinta da exigida pela extração de castanha ou do látex pelos povos da Amazônia. Assim como a produção de algodão ou de cana-de-açúcar no Sudeste e Centro-Oestre brasileiro também requer uma atenção diferenciada da pecuária no Pantanal ou nas bordas da floresta Amazônica.
Conhecemos bem a realidade rondoniense, as potencialidades, os gargalos, as necessidades e os desafios de nossa agricultura. E agora, como presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, cargo que irei assumir no transcurso desta semana, buscarei compreender também a complexidade e diversidade da agricultura brasileira. Sei o tamanho dessa responsabilidade, mas sei também que poderei contar com o apoio das entidades do setor, desde os órgãos governamentais, como Ministério da Agricultura, a Embrapa e a nossa Emater-RO, bem como das associações, sindicatos e cooperativas de produtores. Pretendo ser um elo de ligação dos agricultores, pecuaristas e extrativistas da floresta amazônica com o Senado Federal e o governo brasileiro.
Como já disse, os desafios são grandes para todos. Talvez o principal deles seja maximizar a produtividade com custos acessíveis para a população mundial, sem deixar de defender a segurança alimentar, minimizar os impactos ambientais e trazer retorno econômico para a atividade. Nenhum outro segmento da sociedade brasileira tem um desafio comparável ao do setor agrícola e por isso precisamos atuar de forma estratégica, pensando em ações que atendam as necessidades de construção de uma agricultura sustentável que valorize o homem do campo. Uma boa semana a todos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConcordo... a sustentabilidade é muito mais que uma palavra da moda... ou para agregar votos. Devemos estar preparados para crescermos economicamente minimizando os danos ambientais quando estes são inevitáveis. Sinto falta na esfera governamental de equipes interdisciplinares especificamente de profissionais que podem ajudar neste campo economia/ambiente como os Geógrafos. Pois entendo os Geógrafos possuem uma formação que os possibilita entender e potencializar a produção no campo preservando o meio natural de forma sustentável.
ResponderExcluirAbraços e parabéns pela iniciativa.
Giovanni Bruno Souto Marini
Geógrafo e Professor