O relatório anual “Perspectivas Agrícolas 2010-2019”, publicado no último dia 15 de junho, pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), comprova aquilo que venho afirmando no Plenário do Senado. Segundo o documento, produzido a partir de uma acurada pesquisa, o Brasil será o maior produtor agrícola do mundo na próxima década.
O crescimento da nossa produção de alimentos, previsto pelas duas entidades, será de 40% dentro do período de tempo compreendido entre este ano e 2019. Para a FAO e a OCDE, este percentual deverá ser mais agressivo que o de países como Rússia, Ucrânia, China e Índia, que provavelmente registrarão percentuais médios de crescimento na ordem de 20%. Simplesmente metade do que o Brasil deverá crescer no mesmo período. Essa é uma expectativa das melhores acerca do trabalho duro que os nossos agroprodutores – independente do porte que tenham – vêm fazendo no país.
A vocação brasileira para o agronegócio é indiscutível, e é muito bom perceber que a produção nacional vem crescendo não apenas em função da ampliação das áreas cultivadas. Hoje, vem deixando de ser exceção o cultivo de alta tecnologia, mecanizado, beneficiado, que nos diferencia daquele simples exportador de plantations e matérias primas, que fomos no passado. Nossa produtividade aumenta com investimentos científicos e os resultados engrossam nosso Produto Interno Bruto (PIB) em progressão quase geométrica.
O governo vem fazendo o seu papel incentivando os agroprodutores com recursos facilitados, mas precisa fazer o seu dever de casa no que tange à infraestrutura de transportes, que tem um papel decisivo na composição dos preços de nossos produtos, tanto no mercado interno quanto externo. E os investimentos nesse setor ultrapassam a alçada dos produtores rurais.
O Brasil precisa destinar recursos de forma mais ampla e garantida para a infraestrutura de transportes. Proponho isso em minha emenda à Constituição 3/2010 que pede a destinação de 0,05% do PIB para o setor, assim como está definido hoje percentual para saúde e também para a educação. Tais recursos são fundamentais para a melhoria de nossa malha viária, assim como também para a implantação e expansão de nossa malha ferroviária e hidroviária – dois modais que apresentam reduzidos custos.
Com transporte menos oneroso, as produções agropastoris da Amazônia, assim como também do Mato Grosso, grande exportador de soja, poderão chegar ao mercado externo com mais agressividade, conquistando novos clientes em todo o mundo.
Outro setor da infraestrutura que pode e deve ser revisto e ampliado é o de estoque da nossa produção. Rondônia, com sua característica de celeiro nacional, já percebe um déficit na capacidade de armazenamento da produção de café. Pedi, em Plenário, recentemente, empenho da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para suprir essas necessidades em meu Estado, assim como em todo o Brasil.
Medidas como essas contribuem de fato com a sedimentação do Brasil como um Estado exportador de alimentos. Mas devemos encarar essa nossa posição não como um objetivo atingido, mas como uma etapa em um longo processo de desenvolvimento nacional.
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