terça-feira, 9 de novembro de 2010

Convite a James Cameron

Acir Gurgacz, senador da República

Gostei muito de ver Titanic, Exterminador do Futuro e Avatar. Estes são alguns dos filmes do diretor Canadense James Cameron, um dos mais conceituados na atualidade, em Hollywood, devido ao grande retorno financeiro de suas obras. Recentemente, ele veio ao Brasil, unindo o esforço de divulgação do lançamento de Avatar em DVD, com uma campanha ecológica que, considero, ficou meio perdida no espaço.

Quem não viu Avatar no cinema e se dispõe a assistir em vídeo, depois dessa passagem de Cameron no Brasil, provavelmente vai pensar que o filme trata de uma mensagem ecológica voltada a países como o Brasil, que, segundo ele afirma, perdeu o controle sobre a sua floresta amazônica. Quem já viu no cinema, e não foi atingido pela propaganda atual, deve entender de uma outra forma. Avatar é, de fato, uma crítica ao expansionismo militar norte-americano, que avançou sobre o Iraque, ameaça o Irã e a Venezuela, sempre em busca de recursos naturais – no caso, o petróleo.

Estão lá, no filme, todos os sinais: o minério “unobtanium”, que motiva a missão espacial, os ex-militares atuando como mercenários, citações de invasões norte-americanas na Venezuela e na Nigéria (ambos produtores de petróleo), em uma citação clara aos homens da Blackwater hoje atuando no Iraque e no Afeganistão, e a mensagem libertária dos nativos do planeta Pandora, dizendo que o “povo do céu” não pode chegar e pegar o quiser do planeta deles.

É possível enxergar de imediato a resistência iraquiana bradando o mesmo discurso. Mas agora, aqui no Brasil, James Cameron muda de discurso e acusa a Amazônia de não cuidar da Amazônia. Inclusive, declinou ao convite do governador Eduardo Braga para que filmasse Avatar 2 na própria floresta amazônica. Cameron afirmou que não quer degradar a floresta, pois pode filmar tudo em estúdio, com a tecnologia de hoje.

Se é essa a justificativa, eu convido James Cameron e todas as produtoras cinematográficas de Hollywood para construir um estúdio em Porto Velho, capital de meu Estado, Rondônia, para filmar Avatar 2 e muitos outros filmes. Ele terá benefícios para instalar sua empresa conosco. Ele vai gerar empregos, vai contribuir com impostos, vai consumir produtos nossos, movimentar nossa economia. Com isso, ele e seus colegas cineastas vão contribuir, de fato, com a menor exploração da Amazônia.

Mas será que ele quer ajudar ou apenas quer criticar uma região de comprovada vocação agrícola por simplesmente querer sobreviver? Fica aqui o convite a James Cameron.

Uma boa semana a todos.

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