terça-feira, 16 de novembro de 2010

Capacidade de reação


O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado há duas semanas, leva em consideração três itens: educação, saúde e qualidade de vida. São, sem dúvidas, referências do estado de desenvolvimento no qual se encontra uma população. Esses itens são influenciados, numa relação de causa e efeito, diretamente por uma das maiores mazelas de praticamente todas as sociedades modernas: a violência urbana.
A violência é resultante de um sistema educacional fraco (entre outros motivos), assim como afeta as estatísticas de saúde e altera a qualidade de vida de qualquer cidadão. Isso porque é impossível ficar imune aos efeitos negativo da simples divulgação de homicídios, assaltos e todo tipo de violência. Muitas vezes ouvimos dizer que até mesmo ficamos “anestesiados” com esse tipo de informação, chegando ao ponto de nem percebermos mais quando acontece algo assim ao nosso redor, quando aparece em manchetes de jornais e na televisão. Mas isso, sem dúvidas, já é o resultado desse efeito negativo. Estar anestesiado à dor do próximo, da sociedade como um todo, é indesejável.
Quando a sociedade perde a capacidade de se organizar para reclamar, criticar, demonstrar indignação e reivindicar, é como se uma pessoa perdesse sua própria visão, a fala e a capacidade de se locomover. Uma sociedade desorganizada e inerte é um apenas um grupo de pessoas sem destino, sem ação.
Quando o Sistema Gurgacz de Comunicação (SGC) dá a partida à campanha “Eu sou contra a violência, e você?” atua como uma mola pronta para impulsionar a sociedade, a motivá-la a fazer alguma coisa. Mas que coisa?
Precisamos ter a capacidade de mobilização, de reconhecer nossos problemas e nos organizar para debater e chegar às conclusões necessárias. O povo tem seus representantes eleitos, mas precisa estar pronto para os momentos em que sua opinião pode e deve ser ouvida.
Além disso, é com a mobilização da sociedade que os paradigmas são mudados, que comportamentos podem ser alterados em benefício do bem coletivo. É óbvio que ninguém mais agüenta a insegurança ao sair do trabalho, da escola ou da faculdade à noite e ficar na dúvida se chega em casa ou não. Nenhum pai, nenhuma mãe suporta mais a tensão de esperar seus filhos chegarem da aula, na inquietação de não saber se estão bem, se aconteceu alguma coisa de ruim com eles. A sociedade não suporta mais os altos índices de violência no trânsito e na banalização das agressões entre as pessoas, que por qualquer motivo mínimo já apelam a atitudes animalescas.
Os números que aparecerão ao longo da campanha “Eu sou contra a violência, e você?” são inquietantes mesmo. São duros de assimilar. São vergonhosos. Mas precisam ser mostrados da forma como a campanha pretende fazer: com calma, repetidamente, provocando a reflexão. Uma manchete é ocupada por outra, no dia seguinte, revelando novos escândalos, outros crimes, fazendo-nos esquecer de que precisamos fazer alguma coisa. No entanto, à imprensa cabe, às vezes, o papel de incomodar para fazer pensar.
Pensemos, então. Uma boa semana para todos e bom feriado na segunda-feira.

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